domingo, 1 de março de 2015

Visão turva; língua incansável!

Todos os dias, em um simples passeio pela internet, verificando os mais diversos comentários acerca dos assuntos diários, me deparo com o incrível dom que cada vez mais tem se apropriado das pessoas: falar de coisas que não sabem ou que pouco refletiram acerca de seus fundamentos.

Não é de se admirar que a intelectualidade, hoje, é medida pela mera capacidade de opinar, ainda que essa opinião não venha a respeitar os mínimos preceitos lógicos; aliás, nem precisa de tanto, bastando apenas verificar a total incapacidade ou má intencionalidade na interpretação de FATOS que, quando realizada com a mínima seriedade, concederá o discernimento concreto sem maiores dificuldades e com ínfimas distorções, quando essas existirem.

Entretanto, há uma máxima alojada nas raízes do pensamento das pessoas contemporâneas: o importante é tomar um lado antes mesmo de se verificar a procedência ou não das alegações ou do ocorrido, sem se lançar sobre suas variantes, e assim buscar o contexto que cerca determinado acontecimento para, então, poder julgá-lo de acordo com suas premissas.

Perceba que estou falando acerca da observação de fatos; quando a questão é a argumentação desenvolvida sobre uma realidade, então, esse problema é amplificado ao tamanho do infinito, já que a estupidez partidarista e arrogante da maioria rechaça qualquer afirmação que confronte seus ideais pré-estabelecidos de modo automático.

O objetivo, há muito tempo, deixou de ser a busca pela verdade e coerência: o que importa necessariamente é a defesa do que pouco se sabe, mas que, simultaneamente, sustenta a pose social de intelectualidade, sobriedade, maturidade etc. Fortalecer as convicções, ao invés de desvirtuar, até mesmo pelo deboche e irreverência, a descrição da realidade factual não é, e talvez nunca tenha sido, a prioridade da maioria esmagadora. Preferem se teletransportar para o seu mundo de precariedade ideológica, que maquia e reveste a realidade da maneira que lhes pareça menos conflitante e incômoda, a se auto confrontar, esmagando seus juízos preconcebidos em relação ao mundo exterior a fim de que sua alma efetivamente encontre a coerência universal.

Desse tipo de gente a humanidade está repleta; e mais: noto que diariamente se multiplica o número de inconsequentes apaixonados pela tolice de tentar demonstrar o senso que não possuem, quando apresentam aquilo que de mais superficial se possa ser expelido por meio de seus computadores, nos diversos sites, em velocidade e quantidade somente comparada a dos abjetos que são depositados nos esgotos ininterruptamente.  

Assim, tudo o que de mais valioso se possa pensar é regido, quando muito, pelos clichês ditados e vomitados constantemente pelos modistas pensantes. Estes, enfim, não passam de figuras convenientemente projetadas para reproduzir o que a massa está sugestionada a pensar, coagindo os que pensam de um modo um tanto diferente pela ameaça de serem taxados de "retrógrados", "ignorantes", "intolerantes", que não possuem a consciência reflexiva reguladora do bem e do mal suficiente para exercer um bom julgamento.

E ai (mas ai mesmo!!!) daqueles que aparecerem com o inescrupuloso comportamento de amar a coerência em detrimento da conveniência!