sábado, 21 de novembro de 2015

O desserviço ao Reino.


Existe um efeito instantâneo a todo entendimento e prática do Evangelho realizados de modo equivocado: a escravização de consciência! 

Uma mera observação da estagnação de consciência e da insistente imaturidade dos fieis comprovam bem essa afirmação, pois esses fenômenos são, simultaneamente, sintomas da falsificação e combustível para sua perpetuação. 

Combustível porque, quanto menos desenvolvimento da consciência em Cristo, mais haverá sujeição ao controle e manipulação humanos. Sem o discernimento que gera liberdade, a percepção para o mal circundante se torna nula, sobrando insegurança tal qual no caso de uma presa indefesa que não perceber a aproximação de seu predador; a insegurança opera medo, que por sua vez leva a pessoa ao ciclo infindável de dependência ao guru religioso, usurpando todo seu resquício de juízo como num animal adestrado que somente faz o que é conveniente ao adestrador. 

É evidente que essa é uma posição muito confortável para o ex-humano e agora "bichinho de estimação", já que receber comida do "dono", ao invés de ter que ir buscá-la por intermédio de seus próprios esforços, é realmente uma comodidade tentadora. 

Entretanto, o "adestrador de almas" não nutre por sua cria qualquer tipo de amor verdadeiro, isso porque ele mesmo, no fim, é mais uma peça nessa engrenagem de adestramento compulsivo, de modo que ao final da cadeia se encontra aquele que a todos escraviza : o próprio Diabo. Este, por fim, não alimenta ninguém a não ser pelo intuito de manipular sua presa para seu usufruto, de acordo com sua conveniência, como um burro de carga, que só é útil ao seu dono enquanto tiver forças para realizar bem o seu dever, sendo abandonado à morte tão logo a idade ou a doença o enfraqueça; tudo isso após anos de várias chicotadas e servidão implacável ao seu senhor carrasco.

É claro que quanto mais distante do início da cadeia, mais desconhecimento se tem dos verdadeiros desígnios de todo esse sistema de aprisionamento; nesse ponto, a ignorância faz de todos servos inconscientes do real Inimigo; mas no fim, inevitavelmente, tanto o arrogante falso mestre quanto o crente alienado são meros instrumentos descartáveis do maligno.

O apóstolo Pedro, em sua segunda epístola, capítulo 2, está se referindo exatamente a esse sistema de engodo, que já estava bem divulgado em seus dias. Ele começa denunciando os falsos mestres, afirmando severamente que suas práticas são a deturpação do próprio caminho da Verdade, pois esses falam e agem em nome de Deus.

Ainda, o apóstolo declara que os fiéis são reduzidos ao estado de meras "coisas" por se tornarem o objeto de negócios desses mestres religiosos; tudo em nome da avareza.

Aliás, o emblemático texto de Apocalipse 18 está em total consonância com o que fora dito por Pedro; texto esse que me causa pesar no coração ao perceber o nível de desvalorização do ser humano que acometerá o senso moral dos homens. Nos versos 11 ao 13, nota-se claramente o desespero e lamento da humanidade não pelas mortes ou por toda a desolação que lhes sobreveio, mas pelo fato de que suas mercadorias já não têm mais compradores. E no verso 13, especificamente, na lista de produtos mercantis que eram comercializados por aqueles homens ímpios estão os termos "corpos" e "almas de homens".

Meu Deus! Aí está escancarada a maldosa redução do valor da vida humana; a monstruosidade por trás de todo ímpeto avarento, que maximiza a insanidade humana a limites inimagináveis! E pior: essa prática de fazer da pessoa uma mera coisa comercial, pelo que se extrai de II Pedro 2, é costume dos próprios religiosos e de seus gurus arrogantes.

Não é outra coisa que observo nos dias de hoje: o aumento da perversidade no ambiente em que a palavra "amor" é vomitada das bocas todo o tempo e por todas as pessoas!

Pedro continua em suas admoestações, declarando, no verso 14, que o alvo principal desses "negociadores de almas" é justamente aquelas que são inconstantes. Por isso, não é em vão que o incentivo a uma crença emocional, ao invés de um evangelho por convicção de fé, é tão propagado nos dias atuais; porque não existe melhor meio de tornar uma pessoa absolutamente instável do que a expondo a histerias e fantasias psicológicas, reduzindo todo o crer a um sentimentalismo barato, destruindo todo o discernimento e, por fim, chamando a todo esse aparato de "unção" ou "mover" do Espírito.

Voltando à explicação daquela cadeia de adestramento, o que se observa é que os falsos mestres descobriram que, pela inconstância dos fiéis, se pode usurpá-los de maneira mais fácil; entretanto, esses mesmos líderes são somente marionetes daquele que desestabiliza a todos para difamar o caminho da Verdade.

Poderia escrever muito mais coisas acerca desse texto bíblico, mas prefiro fazê-lo em outra oportunidade para que se facilite o entendimento do que se está a denunciar.

O fato é que tudo não passa de mecanismos de controle nessa máquina corrompida, desde a raiz, que se tornou o cristianismo evangélico. A estultícia para fazer o mal é tamanha que eu estou vendo, por exemplo, até mesmo falsos mestres e apóstolos, agora, se levantando contra a teologia da prosperidade, pois perceberam que essa virou a moda e a isca perfeita para enganar os incautos com um discursos de aparente piedade, mas negando a sua eficácia, com os seus enganos destilados entre suas frases de efeito, bem como com seu modo de viver hipócrita.

Que a misericórdia de Deus proteja os sinceros que ainda pertencem, por ingenuidade, a esse sistema; e que o discernimento, no amor à Verdade, seja o farol dos que velam pela coerência no evangelho.
 


Quando o Simples é simplesmente ignorado!



Todas essas mecânicas extremamente adornadas e complexas denominadas atualmente de "visão ministerial" ou "mover apostólico" não passam de invenções que obscurecem a prática do Evangelho; esses sistemas são criados com base em metáforas e alegorias, que somente são decifráveis pelos devaneios da mente dominativa desses pseudomestres. Sempre se utilizando da inclinação que as pessoas têm pela novidade, inventam seus próprios modelos supostamente revelados que dão os fundamentos do novo "mover".

A verdade é que, de maneira absoluta, a inteireza dos dilemas da existência humana foi resolvida de modo muito simples por Jesus. Simplicidade prática, deveras profunda e eficaz em conteúdo; entretanto simples em forma para que pudesse ser executada por qualquer um que para tanto se dispusesse.

Contudo, as pessoas gostam mais dos enfeites, das pomposidades. E os mestres mal intencionados, sabedores disso, recriam e reinventam as soluções, em suas "metáforas espirituais" e falácias, como se tivessem descoberto aquilo que, para eles, possivelmente nem mesmo o próprio Jesus compreendeu e, por isso, talvez não tenha ensinado como modelo.

Jesus e suas soluções práticas, sem viagens misticistas/exotéricas, foi rejeitado por ser muito simples "de forma". Do mesmo modo, quem ensina o simples, porém eficaz modelo de vida de Jesus, lendo e praticando o que está nos Evangelhos, sem essas construções mal coladas, tipo um "Frankenstein", também é abruptamente ignorado.

É assim que foi; é assim que é e que sempre será! Mas, ainda assim, cabe a pergunta: Não seria bem mais fácil apenas seguir o que foi plenamente ensinado e demonstrado, concretamente e de modo simples, pela vida do Mestre como forma de enfrentamento eficiente das eventualidades da existência?!

Responda sinceramente e faça o que sua consciência julgar correto - mas saiba que não se pode fugir das consequências de um juízo mal efetuado.

Utopia? Devaneio? Esperança... ao menos para alguns.




Quando as regras diminuírem e a consciência no Evangelho crescer; quando as motivações torpes se esvaírem (sendo que toda e qualquer motivação, no Evangelho, que não venha do Amor é por natureza entorpecida) e não restar mais vaidades inúteis; quando a dominação dos líderes arrogantes, pelo medo, se findar e todos os seus esforços vierem a se concentrar na liberdade que cada indivíduo adquiri ao vivenciar a Graça; quando a "libertação" não depender mais de rituais místicos, nem tampouco de privações convenientes, mas a liberdade, como essência adquirida do desenvolvimento no Amor e do entendimento da Graça, se manifestar em todos que desse modo invocarem o nome de Cristo.

Então, já não haverá mais escândalos ou escárnios referentes a Deus.. Então, nesse momento, Deus será inteiramente conhecido e revelado a todos aqueles que simplesmente queiram O encontrar, pois a Igreja será efetivamente o corpo de Jesus. Então, e somente então, a sociedade poderá perceber o que de fato foi ensinado e deixado por Ele, já que o Seu testemunho será notável, palpável, visível e encarnado por Seus filhos..

Não sei se esse dia chegará... ao menos em alcance generalizado sobre todo o cristianismo.. Mas também sei que não se faz necessário que todos assim procedam: se tão somente alguns entenderem e praticarem essas verdades, os frutos de conversão inevitavelmente brotarão...

E quanto aos que ignorarem essa necessidade de mudança em sua conduta, sua condenação será tão certa quanto a madeira que se queima totalmente ao ser lançada no fogo.

Ahh, se a Igreja entendesse!



Os fiéis teriam muito mais êxito e crescimento na Graça se realmente investissem sua energia em sincera e profunda reflexão na Verdade, colocando-se em total sujeição ao espírito do Evangelho e, consequentemente, buscando e encontrando, como consequência natural de seu exercício, suas respostas provisionais.

Entretanto, ao invés disso, preferem se extravasar nas vãs campanhas religiosas realizadas nos ambientes institucionais das igrejas, sendo estas praticadas para fins de "libertação" ou para consecução de certos "favorecimentos" de um deus totalmente subjugado e direcionado pela vontade humana.

Desse modo, posso afirmar que todo esse emaranhado é precedido por uma vaidade pérfida, disfarçada de "vontade" ou "sonho" ou "promessa" de Deus, que se estabelece no coração exclusivamente interesseiro do crente atual.

A percepção nítida da vida de Jesus como único modelo de prática e vida nesta existência que agrada ao Criador, e que suporta com firmeza as imprevisibilidades do cotidiano, foi totalmente afastada pelo líderes nefastos. Tudo o que restou foi a fragilidade escancarada de pessoas que cultuam a um deus que não conhecem; tudo o que sabem a respeito desse deus é o que seus rituais, ensinados pelo adestramento evangélico, dizem.

É o "incontradito" modelito gospel, no tempo em que a superficialidade é a principal regra caracterizadora dos cristãos!